Numa tarde de sábado
Jonas Caeiro
Adoeço pelas palavras mal colocadas,
Uns versos não completam,
E por falta de consciência,
Elas são inventadas pela boca negra.
Envelheço numa tarde de sábado
Assistindo a uma peça teatral,
Num museu aberto e arruinado,
Pois existem públicos atrasados.
Poucos compraram os bilhetes pretos,
Foram vendidos todos hoje,
Com a intenção de assistir à peça,
Não desista haverá a segunda.
Deito no lençol vermelho
Costurado em uma máquina do tempo,
Pois essa página eu conheço,
São linhas da valentia da vida.
Apanho na rua do pavor,
Você pode notar que sempre acontece.
Quem já passou por isso um dia,
Que foi afetado no hospital da sorte
E infectado até a morte ameaçar.
Por favor, faça uma reunião na rua.
Pois conhecerá os artistas em ensaios
E prontos para interpretarem
Todas as linhas elaboradas.
A cortina erguerá e revelará a cara da morte.
Ela se veste das cores do medo,
Enganando a sorte presenteada,
E nada mostrada ao vencedor.
Não precisa fugir da hora do espetáculo.
Ela vai atrás de todos e tudo,
Você só precisa aguardar em casa.
Ela vai bater e marcar as portas,
Com o seu beijo negro da destruição.